Mórmons e católicos juntam forças

Mórmons e católicos juntam forças

Um cardeal dos EUA tem falado das relações entre mórmons e católicos. É o conservadorismo, ao invés da teologia, que os une

Riazat Butt
guardian.co.uk, Sexta-feira 26 Fevereiro 2010 15.31 GMT

Francis Eugene George não é só um cardeal. Ele também é presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos e dá o tom e a direção para a política e a posição da igreja no país. Seus comentários, por conseqüência, sobre os atributos positivos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (SUD), mais comumente conhecidos como mórmons, parecem surpreendentes dadas as enormes diferenças demográficas e teológicas entre os dois grupos. Ou suas palavras proclamam um espírito de cooperação entre movimentos religiosos discrepantes na luta contra o secularismo?

Na última terça-feira, no discurso chamado Católicos e Santos dos Últimos Dias: parceiros na defesa da liberdade religiosa, ele disse a uma platéia que católicos e mórmons devem se unir como um "baluarte vital" contra aqueles que querem "reduzir a religião a uma realidade puramente privada". A igreja SUD provou sua impetuosidade em áreas controversas. Se não fosse por seu envolvimento na Proposição 8, há grandes chances de que o banimento do casamento entre pessoas do mesmo sexo na Califórnia não teria sido aprovado. Notando sua habilidade de mobilizar o apoio dos membros [da igreja] ao redor de questões que também preocupam os católicos, o Cardeal George elogiou os mórmons por seu trabalho para proteger os direitos daqueles que não queriam participar de abortos ou suicídios assistidos e defendeu o casamento como uma instituição heterossexual. "Quando o governo falha em proteger as consciências de seus cidadãos, cabe aos corpos religiosos defendê-las", disse. Ele também alegou que católicos e mórmons compartilham mais do que um entendimento comum de liberdade religiosa: eles desfrutam de uma experiência comum de uma pequena, às vezes perseguida, minoria religiosa a comunidades maiores de 67 milhões de católicos e cerca de seis milhões de mórmons.

Mas é algo dissimulado da parte de George jogar as similaridades. O catolicismo tem sido parte do panorama dos EUA há bem mais tempo que a igreja SUD. Comunidades de imigrantes garantem que a religião, seus valores e instituições, sobrevivam e evoluam. [Ela] é o maior movimento cristão nos EUA, vangloriando-se de um perfil e privilégio que outras denominações não tem. E então há a declaração de 2007 da igreja, que reafirma a primazia universal do catolicismo romano.

Então porque a conversa amigável? Há um crescente clima secular nos EUA e grupos religiosos estão todos cientes disto. A hierarquia católica romana sabe que não pode confiar apenas em suas congregações para fazer campanha sobre assuntos importantes e um "baluarte vital" - na forma da devota, abastada e organizada igreja SUD - é o que eles precisam para ajudar.