O tema da intolerância religiosa tem ganhado força no Brasil. Apesar da plena liberdade de culto e confissão, assegurada pela Constituição Federal, o país tem assistido, aqui e ali, episódios de violência que, se ainda não sinalizam uma tendência, já são suficientes para preocupar líderes religiosos, juristas e o próprio governo. Um dos mais rumorosos crimes de natureza religiosa cometidos recentemente foi a invasão e depredação, em junho passado, de um centro espírita localizado na zona sul do Rio de Janeiro. Os quatro agressores, que admitiram à polícia pertencer à Igreja Evangélica Geração Jesus Cristo – uma denominação neopentecostal independente –, ofenderam os freqüentadores do templo e quebraram imagens de santos. Autuados por vilipêndio religioso, crime previsto no Código Penal, os autores da ação estão respondendo a processo. Atitudes como essa que unem intolerância e um confuso sentimento de fundamentalismo religioso, preocupam as autoridades. Em 20 de novembro do ano passado, data consagrada à memória do líder negro Zumbi dos Palmares, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em visita ao Rio, recebeu diversas lideranças religiosas para tratar do tema.
Com o objetivo de coibir os abusos e garantir o direito de todo cidadão expressar livremente, a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, foi instituída em 2007 a partir de denúncias, publicadas na imprensa, de que pais-de-santo estavam sendo expulsos do Morro do Dendê, na Ilha do Governador (zona norte do Rio), por um traficante que se dizia evangélico. “As pessoas não podiam nem andar de branco na comunidade”, conta. A violência atingiu também comunidades da zona oeste.
O fundamentalismo sempre causou problemas de intolerância religiosa em todo o mundo, dos quais a própria história é testemunha. O fundamentalismo, tantas vezes incentivado, não é a solução, pois acentua divergências sociais e agrava os problemas enfrentados por qualquer sociedade. Foi justamente para impedir situações desse tipo que, em 27 de dezembro de 2007, foi sancionada a Lei 11.635, que instituiu o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Desde então, nenhuma organização religiosa poderá promover qualquer tipo de ação contra grupos que não professem seu credo. As vítimas de qualquer tipo de preconceito de crença podem também valer-se do Disque Preconceito, inaugurado em 5 de setembro do ano passado, na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Para a deputada estadual Beatriz Santos (PRB), presidente da Comissão de Combate às Discriminações e Preconceitos de Raça, Etnia, Religião e Procedência Nacional da Alerj e membro da Igreja Universal do Reino de Deus, trata-se de um avanço.
Dois fatos lamentáveis e de repercussão nacional, dão ao preconceituoso viés de contornos trágicos. Em 12 de outubro de 1995, feriado nacional consagrado à santa católica Senhora Aparecida, considerada pelos católicos padroeira do Brasil, um caso de intolerância religiosa repercutiu no país. Um bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, Sérgio Von Helde, apareceu num programa da TV Record, controlada pela denominação chutando a imagem da santa, fato que gerou uma onda de protestos e um clima de animosidade religiosa poucas vezes vista no Brasil. Na sua pregação, Von Helde disse que o povo brasileiro não podia depositar suas esperanças em “um pedaço de gesso”. Processado por vilipêndio de objeto de culto, o religioso acabou mandado pela Iurd para o exterior. Na mesma época, a Rede Globo de Televisão, concorrente da Record e com fortes ligações com a Igreja Católica, deu grande visibilidade a um vídeo mostrando Edir Macedo, líder máximo da Universal, ensinando seus pastores como extorquir doações em dinheiro dos fiéis. Diversos atos de desagravo – tanto à santa católica quanto à Universal – foram organizados em vários pontos do país, dando aos dois fatos nítidos contornos de disputa religiosa.
Um dia contra a intolerância Ocalendário oficial brasileiro consagra o 21 de janeiro como Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, conforme determina a Lei Federal nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007. A data foi escolhida em homenagem à ialorixá – espécie de sacerdotisa dos cultos afrobrasileiros – Gildásia Santos, a Mãe Gilda. Baiana e dirigente de um terreiro de Candomblé em Salvador, a religiosa faleceu após ter seu nome citado numa reportagem intitulada Macumbeiros charlatães lesam o bolso do cliente, publicada em 1999 pelo jornal Folha Universal, publicado pela Igreja Universal do Reino de Deus. Na época, a casa de cultos dirigida por Mãe Gilda foi invadido e depredado por um grupo de evangélicos ligados à Universal. A ialorixá passou por sérios problemas de saúde depois do episódio, e morreu em 21 de janeiro de 2000, um dia após ter assinado a procuração para abertura de ação judicial contra a Iurd. Em setembro do ano passado, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou a igreja a indenizar os filhos e o marido de Gildásia por danos morais. A decisão da Corte abre jurisprudência para a possibilidade de punição de casos semelhantes. Por meio de um projeto do deputado federal Daniel Almeida ( PCdoB), sancionado em 2007 pelo presidente Lula o dia da sua morte é a data nacional de combate à intolerância religiosa.
Infelizmente, como podemos constatar, os evangélicos encabeçam os casos de intolerância religioso. Essa é uma ferida exposta e purulenta que precisamos curar, com equilíbrio e racionalidade. Nesse caso, não adianta apenas orar e usar a velha máxima do famigerado evangeliquês “vamos entregar nas mãos de DEUS”. Nós, crentes evangélicos, precisamos é tomar vergonha na cara e aprender de uma vez por todas que o Brasil é um país laico e que, portanto, toda manifestação de culto e crença deve ser respeitada. É triste ter que assumir, mas nós, crentes evangélicos, não sabemos o sentido da palavra tolerância.
Com o objetivo de coibir os abusos e garantir o direito de todo cidadão expressar livremente, a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, foi instituída em 2007 a partir de denúncias, publicadas na imprensa, de que pais-de-santo estavam sendo expulsos do Morro do Dendê, na Ilha do Governador (zona norte do Rio), por um traficante que se dizia evangélico. “As pessoas não podiam nem andar de branco na comunidade”, conta. A violência atingiu também comunidades da zona oeste.
O fundamentalismo sempre causou problemas de intolerância religiosa em todo o mundo, dos quais a própria história é testemunha. O fundamentalismo, tantas vezes incentivado, não é a solução, pois acentua divergências sociais e agrava os problemas enfrentados por qualquer sociedade. Foi justamente para impedir situações desse tipo que, em 27 de dezembro de 2007, foi sancionada a Lei 11.635, que instituiu o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Desde então, nenhuma organização religiosa poderá promover qualquer tipo de ação contra grupos que não professem seu credo. As vítimas de qualquer tipo de preconceito de crença podem também valer-se do Disque Preconceito, inaugurado em 5 de setembro do ano passado, na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Para a deputada estadual Beatriz Santos (PRB), presidente da Comissão de Combate às Discriminações e Preconceitos de Raça, Etnia, Religião e Procedência Nacional da Alerj e membro da Igreja Universal do Reino de Deus, trata-se de um avanço.
explica a parlamentar.“O serviço vai atender as pessoas que se sentem discriminadas, para que possam buscar mecanismos de defesa e ter conhecimento sobre as leis que as protegem contra toda forma de discriminação”,
Dois fatos lamentáveis e de repercussão nacional, dão ao preconceituoso viés de contornos trágicos. Em 12 de outubro de 1995, feriado nacional consagrado à santa católica Senhora Aparecida, considerada pelos católicos padroeira do Brasil, um caso de intolerância religiosa repercutiu no país. Um bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, Sérgio Von Helde, apareceu num programa da TV Record, controlada pela denominação chutando a imagem da santa, fato que gerou uma onda de protestos e um clima de animosidade religiosa poucas vezes vista no Brasil. Na sua pregação, Von Helde disse que o povo brasileiro não podia depositar suas esperanças em “um pedaço de gesso”. Processado por vilipêndio de objeto de culto, o religioso acabou mandado pela Iurd para o exterior. Na mesma época, a Rede Globo de Televisão, concorrente da Record e com fortes ligações com a Igreja Católica, deu grande visibilidade a um vídeo mostrando Edir Macedo, líder máximo da Universal, ensinando seus pastores como extorquir doações em dinheiro dos fiéis. Diversos atos de desagravo – tanto à santa católica quanto à Universal – foram organizados em vários pontos do país, dando aos dois fatos nítidos contornos de disputa religiosa.
Um dia contra a intolerância Ocalendário oficial brasileiro consagra o 21 de janeiro como Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, conforme determina a Lei Federal nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007. A data foi escolhida em homenagem à ialorixá – espécie de sacerdotisa dos cultos afrobrasileiros – Gildásia Santos, a Mãe Gilda. Baiana e dirigente de um terreiro de Candomblé em Salvador, a religiosa faleceu após ter seu nome citado numa reportagem intitulada Macumbeiros charlatães lesam o bolso do cliente, publicada em 1999 pelo jornal Folha Universal, publicado pela Igreja Universal do Reino de Deus. Na época, a casa de cultos dirigida por Mãe Gilda foi invadido e depredado por um grupo de evangélicos ligados à Universal. A ialorixá passou por sérios problemas de saúde depois do episódio, e morreu em 21 de janeiro de 2000, um dia após ter assinado a procuração para abertura de ação judicial contra a Iurd. Em setembro do ano passado, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou a igreja a indenizar os filhos e o marido de Gildásia por danos morais. A decisão da Corte abre jurisprudência para a possibilidade de punição de casos semelhantes. Por meio de um projeto do deputado federal Daniel Almeida ( PCdoB), sancionado em 2007 pelo presidente Lula o dia da sua morte é a data nacional de combate à intolerância religiosa.
Infelizmente, como podemos constatar, os evangélicos encabeçam os casos de intolerância religioso. Essa é uma ferida exposta e purulenta que precisamos curar, com equilíbrio e racionalidade. Nesse caso, não adianta apenas orar e usar a velha máxima do famigerado evangeliquês “vamos entregar nas mãos de DEUS”. Nós, crentes evangélicos, precisamos é tomar vergonha na cara e aprender de uma vez por todas que o Brasil é um país laico e que, portanto, toda manifestação de culto e crença deve ser respeitada. É triste ter que assumir, mas nós, crentes evangélicos, não sabemos o sentido da palavra tolerância.
Última edição por Mineirinho em Qui Mar 19, 2009 10:48 am, editado 1 vez(es)